19 de set. de 2007

Embalada

Chego na balada por volta das 23:30, e como é de praxe, fui logo pegar uma bebida. - Vodka, limão e gelo por favor. - alguns minutos no balcão e decidi dar um giro por ai. A casa até que estava cheia, afinal sexta-feira é um bom dia, e o pessoal já estava no embalo.

Haviam três ambientes no recinto, o bar, a pista e uma área externa, entre um e outro, corredores que se pareciam mais com passarelas, cheias de gatas a desfilar. No momento estava me sentindo como um jurado de algum concurso sacana, onde as concorrentes disputavam pelo seu lugar no pódium das tesudas. Entre saias, saltos e decotes, dava para notar que o excesso de roupa não era o apropriado no local.

A essa altura o meu copo já estava vazio e não era a toa, ser jurado não é fácil. Volto ao bar, duplico a dose e saio em busca da presa perfeita. Na pista observo um belo par de peitos com uma loira, ou seria uma loira com um belo par de peitos? Pouco importa, meus olhos cravaram naquilo e de lá não sairam mais. Peitos sobem, peitos descem e rodopiam pelo ar, algo lindo de se ver. Vou chegar junto.

Durante a aproximação percebi que a loira estava acompanhada de uma morena, feia de dar dó, parecida com a Elza Soares, só que pior, ainda mais dançando como formiga na mira de uma lupa.

Próximo da loira tento estabelecer um contato visual, uma abertura pro meu bote. Cinco minutos passados e consegui uma piscadela da Elza, credo, e a loira nada. Vou arriscar assim mesmo:

- Será que posso saber o nome desse sorriso lindo? – perguntei com a minha melhor cara de... otário.

- Samara. – disse a loira após me fitar de cima pra baixo e fazer cara de quem ta com merda no prato. De perto nem era tão gata assim. Pra falar a verdade, axo que fui enganado pelos grandes, salientes e robustos peitos, que esses sim, eram deliciosos.

- Prazer, Otávio. – não é meu nome, mas é o primeiro que me veio em mente, por que será? No momento estava desencantado, sem muita pretensão, resolvi aloprar de vez.

- Bonito o seu nome. Será que posso lhe pagar uma bebida?

- Não bebo.

- Sério? Eu também não, sou atléta.

Na mesma hora Samara olha para o meu copo, onde havia sobrado apenas o gelo, e logo após bate uma geral no meu físico, que não é nada atlético.

- Você não me parece atléta – dirigindo o olhar agora para o meu pânceps.

- Nem tudo é o que parece, há cinco minutos atrás você me parecia bonita... e agora vejo que você é linda. – odeio ter que mentir, mas quer saber? Foda-se, já to no preju mesmo.

Finalmente Samara esboça um sorriso e a noite ganha um tempero. Mentirinha vai, papinho vem e já vejo a possibilidade de dormir com três travesseiros hoje. Confesso que a abordagem não foi das melhores mas como dizia aquela frase: “quem tem limões faz uma limonada”. E com melões se faz o que? Não vão faltar idéias, isso eu sei.